sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ruy Na Conferência


A atuação de Rui Barbosa foi decisiva na recusa da classificação das nações nos dois tribunais internacionais a serem criados. Pronunciou-se inúmeras vezes contra o projeto do tribunal de presas, que dividia os países de acordo com a tonelagem de suas marinhas mercantes, mostrando a injustiça que se cometia principalmente com as nações latino-americanas. Em seguida, descobriu que o projeto norteamericano para a composição do tribunal de arbitragem era ainda mais injusto.
Imediatamente Rui Barbosa comunicou ao barão do Rio Branco a distribuição de juízes proposta dizendo que se "tamanha e amarga humilhação" se verificasse, não haveria como permanecer dignamente na Conferência. O projeto apresentado pelos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha não mudou o teor de desigualdade na representação das nações no tribunal.
Rui Barbosa, de acordo com suas convicções e com as instruções recebidas do Brasil, já havia se manifestado contra a arbitragem obrigatória e tornou-se ainda mais incisivo ao perceber que os instrumentos da arbitragem estariam dominados pelas grandes potências. Assumiu então a posição de defender o princípio da igualdade entre os Estados soberanos e a resistência à depreciação da América Latina.
Com a adesão de muitos outros Estados, o princípio da igualdade foi vitorioso e a constituição do tribunal de arbitragem foi aprovada sem que a sua composição ficasse determinada. Foi uma vitória da habilidade de Rui Barbosa e da representação brasileira, mas não uma conquista permanente, pois, após as grandes guerras, o sistema internacional seria constituído a partir de instituições que consolidariam a hierarquização e a desigualdade entre as nações.

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